Espaço Frei Gusmão

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Missão cumprida (14/12/10)

Terminamos 2010 com essa sensação. Foram mais de três mil atendimentos, mais de uma tonelada de alimentos doados, várias palestras e reuniões de tratamento e ajuda indescritíveis. Enfim, um ano que com certeza superou os anteriores. Espero que 2011 supere 2010.

Quero agradecer a todos que mantiveram o Espaço Frei Gusmão este ano. Aos trabalhadores, aos consulentes e as pessoas que nunca estiveram fisicamente, mas que acreditando no nosso trabalho, colaboraram.

Não poderia deixar de fazer a seguinte observação:

O Espaço Espiritualista Filantrópico Frei Gusmão, como o próprio nome diz, é um local no qual o engajamento em prol da espiritualidade é realizado sem nenhum interesse material. É um lugar de todos, afinal os elos quando unidos se completam na trilha de um objetivo em comum: evoluirmos como seres humanos, filhos do mesmo Deus, da mesma energia que rege toda a cadeia cósmica.

Para a realização de tais atividades conta-se com a participação de trabalhadores que aceitam um convite, sempre com o aval do mentor da casa. O discurso é lindo. Estou aqui para me doar ao próximo. Será que este é realmente o primeiro sentimento? Após muito observar, concluo que tais pessoas estão lá por elas e que o trabalho em prol do próximo vem como consequência. Não vejo mal nenhum, afinal o objetivo maior é atingido. Preocupo-me com o discurso e com a falta de consciência.

Ninguém, absolutamente ninguém faz favores ao Espaço. As pessoas fazem nada além do que se comprometeram a fazer quando aceitaram o convite. Estão honrando um compromisso e não fazendo favores. Acho importante que isto fique claro. Ninguém é obrigado a ficar. A qualquer momento o compromisso pode ser desfeito sem problema algum. Então, porque reclamam e não partem? Porque estão lá por elas, acredito.

O que desejo é além da consciência, uma postura verdadeira de cada um... consigo mesmo.

É na verdade que uma filosofia de vida se solidifica.
Quanto mais consciência, mais verdade. Quanto mais verdade, mais qualidade de seres prontos para fazer por si e pelos demais!

Os comprometidos são fundamentais, quanto aos fazedores de favor...

Um Feliz Natal e um 2011 abençoado.
Um grande beijo,

Douglas de Oliveira
Coordenador

Mensagem Frei Gusmão (14/12/10)

"Se tu te prontificares a ser o caminho, será gratificante viver na eternidade."
-Frei Gusmão-

SENTAR À JANELA (14/12/10)

(Texto lido na Energização Final - 14 de dezembro de 2010)

* Baseado em texto de Pietro Valença

O jovem advogado, certo dia, deu-se conta de como as pequenas coisas são importantes na vida, e escreveu o seguinte:

Era criança quando, pela primeira vez, entrei em um avião. A ansiedade de voar era enorme. Eu queria me sentar ao lado da janela de qualquer jeito, acompanhar o vôo desde o primeiro momento e sentir o avião correndo na pista cada vez mais rápido até a decolagem. Ao olhar pela janela via, sem palavras, o avião rompendo as nuvens, chegando ao céu azul. Tudo era novidade e fantasia.

Cresci, me formei, e comecei a trabalhar. No meu trabalho, desde o início, voar era uma necessidade constante. As reuniões em outras cidades e a correria me obrigavam, às vezes, a estar em dois lugares num mesmo dia.

No início pedia sempre poltronas ao lado da janela, e, ainda com olhos de menino, fitava as nuvens, curtia a viagem, e nem me incomodava de esperar um pouco mais para sair do avião, pegar a bagagem, coisa e tal.
O tempo foi passando, a correria aumentando, e já não fazia questão de me sentar à janela, nem mesmo de ver as nuvens, o sol, as cidades abaixo, o mar ou qualquer paisagem que fosse.

Perdi o encanto. Pensava somente em chegar e sair, me acomodar rápido e sair rápido. As poltronas do corredor agora eram exigência. Mais fáceis para sair sem ter que esperar ninguém, sempre e sempre preocupado com a hora, com o compromisso, com tudo, menos com a viagem, com a paisagem, comigo mesmo.

Por um desses maravilhosos “acasos” do destino, estava eu louco para voltar de São Paulo numa tarde chuvosa, precisando chegar em Curitiba o mais rápido possível. O vôo estava lotado e o único lugar disponível era uma janela, na última poltrona. Sem pensar concordei de imediato, peguei meu bilhete e fui para o embarque. Embarquei no avião, me acomodei na poltrona indicada: a janela. Janela que há muito eu não via, ou melhor, pela qual já não me preocupava em olhar.

E, num rompante, assim que o avião decolou, lembrei-me da primeira vez que voara. Senti novamente e estranhamente aquela ansiedade, aquele frio na barriga. Olhava o avião rompendo as nuvens escuras até que, tendo passado pela chuva, apareceu o céu.
Era de um azul tão lindo como jamais tinha visto. E também o sol, que brilhava como se tivesse acabado de nascer.

Naquele instante, em que voltei a ser criança, percebi que estava deixando de viver um pouco a cada viagem em que desprezava aquela vista. Pensei comigo mesmo: será que em relação às outras coisas da minha vida eu também não havia deixado de me sentar à janela, como, por exemplo, olhar pela janela das minhas amizades, do meu casamento, do meu trabalho e convívio pessoal?

Creio que aos poucos, e mesmo sem perceber, deixamos de olhar pela janela da nossa vida. A vida também é uma viagem e se não nos sentarmos à janela, perdemos o que há de melhor: as paisagens, que são nossos amores, alegrias, tristezas, enfim, tudo o que nos mantém vivos.

Se viajarmos somente na poltrona do corredor, com pressa de chegar, sabe-se lá aonde, perderemos a oportunidade de apreciar as belezas que a viagem nos oferece. Ademais, pode ser que ao descer do avião da vida já não encontremos ninguém a nossa espera.

Pense nisso!

Se você também está num ritmo acelerado, pedindo sempre poltronas do corredor, para embarcar e desembarcar rápido e “ganhar tempo” pare um pouco e reflita sobre aonde você quer chegar. A aeronave da nossa existência voa célere e a duração da viagem não é anunciada pelo comandante. Não sabemos quanto tempo ainda nos resta. Por essa razão, vale a pena sentar próximo da janela para não perder nenhum detalhe.

Afinal, “a vida, a felicidade e a paz são caminhos e não destinos”.

Pense nisso, mas pense agora.

"Matamos o tempo, mas é ele que nos enterra".
-Machado de Assis-

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Estrela (06/12/10)

(Texto lido na abertura  - dia 6 de dezembro de 2010)

Estava Deus, a caminhar, sossegadamente, pelo universo...
Contemplava sua criação, e, aproveitando o passeio, verificava se tudo estava correndo bem.
Em certo ponto de sua caminhada, deparou-se com uma de suas estrelas, num choro compulsivo...

Com certa tristeza, aproximou-se e perguntou docemente:
Por que choras, minha filha?

A pobre estrela, aos prantos, mal conseguia falar:
Sabe, meu Pai... Estou triste... não consigo achar uma razão para a minha existência... O sol, com toda a sua magnitude, fornece calor, luz e energia às pessoas... As estrelas cadentes incentivam paixões e sonhos... Os cometas geram dúvidas e mistérios... E eu, aqui... parada...
Deus ouviu tudo atentamente... com doçura e paciência, decidiu explicar à estrela os porquês, porém, foi interrompido por uma voz, que vinha de longe...

Era uma criança, que caminhava com sua mãe, em um dos planetas da região...

A criança dizia à sua mãe:
Veja mamãe! O dia já vai nascer!

A mãe ficou meio confusa... como podia, uma criança, que mal  sabia as horas, saber que o sol já nasceria, mesmo estando tão escuro?
Como você sabe disso, meu filho?

Veja aquela estrela! Papai me disse que ela anuncia o novo dia. Ela sempre aparece pouco antes do sol, e aponta o lugar de onde o sol vai sair...
Ouvindo aquilo, a estrela pôs-se a chorar...

Deus, calmamente lhe falou:
Podes ver? Sabes agora, o motivo de tua existência?
Tudo o que criei, fiz por alguma razão de ser.
És a estrela que anuncia o novo dia...
E com o novo dia, renovam-se as esperanças, os sonhos...
E serves para orientar os homens, para onde caminhar.
Ao te ver, sabem que não estão perdidos, pois sabem qual o seu destino.

A estrela ouviu tudo atentamente...
Sentiu uma alegria celestial invadindo sua vida...
A partir de então, ela brilhou cada vez mais, pois sabia que era importante e indispensável ao ciclo da vida.

Todos nós temos uma razão para estarmos aqui...
Mesmo se não soubermos qual é exatamente esta razão, devemos viver a vida intensamente, semeando amor e espalhando alegrias... Só assim, a estrela que habita em nossos corações brilhará mais forte, iluminando a todos que estão à nossa volta.

Fazendo isso, estaremos iluminando nossas próprias vidas.