Espaço Frei Gusmão

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Amar (07/12/09)

(Texto lido na abertura - dia 7 de dezembro de 2009)

Certa vez, perguntei para o Ramesh, um de meus mestres na Índia:
“Por que existem pessoas que saem facilmente dos problemas mais complicados, enquanto outras sofrem por problemas muito pequenos morrem afogados num copo d’água”?
Ele simplesmente sorriu e me contou uma história.
“Era um sujeito que viveu amorosamente toda a sua vida. Quando morreu, todo mundo lhe falou para ir ao céu, um homem tão bondoso quanto ele somente poderia ir para o paraíso. Ir para o céu não era tão importante para aquele homem, mas assim mesmo ele foi até lá.
Naquela época, o céu não havia ainda passado por um programa de qualidade total. A recepção não funcionava muito bem, a moça que o recebeu deu uma olhada rápida nas fichas em cima do balcão e, como não viu o nome dele na lista, lhe orientou para ir ao inferno.
E, no inferno, ninguém exige crachá nem convite; qualquer um que chega é convidado a entrar. O sujeito entrou e foi ficando…
Alguns dias depois, Lúcifer chega furioso às portas do paraíso para tomar satisfações com São Pedro:
- Isso que você está fazendo é puro terrorismo!
Sem saber o motivo de tanta raiva, Pedro pergunta do que se trata. Um transtornado Lúcifer reponde:
- Você mandou aquele sujeito para o inferno e ele está me desmoralizando! Chegou escutando as pessoas, olhando-as nos olhos, conversando com elas. Agora está todo mundo dialogando, abraçando-se, beijando-se. O inferno não é lugar para isso! Por favor, traga esse sujeito para cá!”
Quando Ramesh terminou de contar esta história, olhou-me carinhosamente e disse:
“Viva com tanto amor no coração que se, por engano, você for parar no inferno, o próprio demônio lhe trará de volta ao paraíso.”
“Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora… Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que e indispensável:

Além do pão, o trabalho.

Além do trabalho, a ação.

E, quando tudo mais faltasse, um segredo:

O de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída”.

* Texto de Mahatma Gandhi

Nenhum comentário:

Postar um comentário